terça-feira, 18 de março de 2008

R.A.V - Te quero

Composição: Robson R.A.V

Te quero, te quero, te quero, te quero, te quero!

Mina quando eu te perdi não foi muito bom é para você que eu dedico esse som,mas o que eu vou dizer é melhor escutar que um dia o meu amor, pode se acabar.
Amor repare, garota vem e me escute, saiba que o meu coração por você se inlude, você me enfeitiçou, foi tão forte, fatal o seu olhar da morte.
Igual o seu não tem, me disseram que está trancada todas as portas do seu coração.
As vezes sinto que você não quer da bola pra mim, você se vai e eu me sinto tão sozinho

Porque você não espera, que eu quero te dizer!
Eu tenho tanta pressa, que eu não vivo sem você!

(Refrão)

Não sei viver mais sem o seu amor, te quero!
Garota sex que me conquistou, te quero!
Pra onde você me chamar eu vou, te quero!
Te quero, te quero, te quero...

Será que é uma miragem ou uma ilusão, antes de ir baby por favor me dê sua mão, eu senti um arrepio quando eu te olhei.
Não tenho culpa garota se me apaixonei..

Me diz porque e não me ,machuque , por favor não vá embora vem aqui e me escute, por favor me dá um beijo amor diga sim, quero que chegue mais perto, que eu quero te sentir..

Porque você não espera, que eu quero te dizer!
Eu tenho tanta pressa, que eu não vivo sem você!

(Refrão)

Não sei viver mais sem o seu amor, te quero!
Garota sex que me conquistou, te quero!
Pra onde você me chamar eu vou, te quero!
Te quero, te quero, te quero...

Rosana Bronk's - Mudanças

Deixa estar mudanças ja estão por vir

O coração do rosana é igual ao palmares
os preto de bombeta por aqui tem milhares
No olhar dos verdadeiros parei me comovi
Queria ser herdeiro de umas coisas q não vi
Já faz um bom tempo onde evolui
As imagens vem na mente do mundão que conheci
Na favela eu nasci nois falo pra todo mundo
Pra quem não intendeu a mudança ta em tudo
A torna e a 300 por hora
A solução de problema pra muda não tem hora
Nem dia nem caso marcado
Fase do que aconteceu com o nego loco Eduardo
A minha filha nasceu
Eu na calçada da musica
Eu paro pensando e faço a suplica
Chora que nem bebe até tira a zica
Agora novos tempo que a vida dedica
Um lugar lindo em caragua
Eu to tranqüilo e so falto o Jaguar
Uma gelado no bar
Viver não é so sonhar
A musica da gente eu vivo e levo no peito
Cada dia eu vejo assim pura calma no gueto
Vai chega vai chega manda um salve pro Mandela
Nessa cidade louca eu vivo e sofro por ela
Curto faze rap, louco por vive
Nois planta faz uns anos pra mais tarde colher
Curti, amar, cantar pe logico
tudo é um teste pro seu psicologico
poucas palavras que encina assim
faço a mudança q finaliza pra mim


Deixa estar mudanças ja estão por vir
Vai chega quem chora hoje vai sorrir

São fatos você entende tudo que se faz alguem depende
bando de aguia, sapo fiel
não fique jogado ao malzoleo
historia vivida nao esqueço
converso com deus e agradeço
Amigo não se esqueça do proximo
nem tudo na vida é negocio
coração de pedra assim mesmo mata
se não tem amor se maltrata
com essa evolução não vai pra frente
no disbaratino corroe a mente
Nois somos reali tem que ser unido
afinal natural descidido
ideologia uma palavra firme
filosofia jogo nesse time
o equilibrio tem que ser constante
busca renovação a todo instante
o que se passa pela sua mente
até as pedras se encontram porque não agente

Deixa estar mudanças ja estão por vir
Vai chega quem chora hoje vai sorrir(2x)

Deixa estar mudanças ja estão por vir

Trilha Sonora do Gueto - V.L. também ama

Composição: Trilha Sonora do Gueto

É vida loka, muito amor, muito amor...
Cê tá ligado, você é o que precisa mais de amor.
O vida loka é o que vai pra guerra
Você vai pra guerra ... você é o vida loka
Então muito amor vida loka, muito amor.

Sexta a tarde, fecha o sinal
A garota para o carro,
Ao lado encosta outro carro,
Ela olha ...
É um vida loka de boné pra trás,
barba por fazer
Ele sorri para ela
Ela sorri para ele
Ele abaixa o vidro elétrico,
E ela também
Ele pede o telefone
Ela dá: 8121-5511 liga pra mim
O sinal abre, os dois partem
Logo que ela chega em casa, o telefone toca
É ele!
Ótimo papo gostam das mesmas coisas
Parece até que se conhecem a um tempão
Ele sugere que se encontrem sábado a tarde no shopping
Ela topa.
Vida loka também ama nego.


Amo de uma forma que não sei explicar
Sou revolução nego, eu vou tentar ... então
Aprendi na vida que os fraco não tem vez
Um dos vida loka vale deles tipo seis
Não vai ficá aí se lamentando se a mina não te quer
doidão, c sai andando.
Deixa ela pensá, que é pá que é modelo, que
a fantasia de princesa dura o tempo inteiro
Hoje ela tem 15 amanhã tem 16,
Passada a temporada ela vai ter 26.
Aí você vai vê nego, quá lé que é que é se ela é a guerreira
pra poder ser sua mulher

Cara é complicado essa vida
Mas aprendendo é que se ensina, ainda existe
boa gente, que vai a luta e segue sempre em frente
Tendo que enfrentar toda manhã e se preocupar com sua família.

Amar é complicado, pros fracos não tem vez
Um dos vida loka vale deles tipo seis
Só tenho que eu mereço, humildade vem do berço
Amor é só de mãe, pois de outro eu não conheço

Cara é complicado essa vida
Mas aprendendo é que se ensina, ainda existe
boa gente, que vai a luta e segue sempre em frente.
Tendo que enfrentar toda manhã e se preocupar com sua família

Amar é complicado né Jão, quem é que não gela
Olha que vem lá Boca é o Zé Ruela
Tá cá mina dele, modelo de favela
Tipo Vera Fish, oh quem ti dera
Acho que o cê só tá só com ela memu
Pq cê num trampa e num paga um veneno.
Eu queria vê se cê fosse operário
Dasse aquele trampo prá ganhá um só salário
Ela ía querer você, bem longe dela
O seu privilégio é ter um golf na favela

Eu não falo nada né Jão, fico na minha
Ele mesmo diz, essa aqui é minha mina
Mais vale um operário sem ela vai por mim
Do que um criminoso tano em cana e sozinho
Não sou mais que ninguém só quero alertar
Um dia eu também nego, passei por lá
Foi lá que eu notei, que o homem também chora
Quando a modelo de favela vai embora,
Ai só fica ele e a decepção pagando de mau mau abandonado na prisão.

Cara é complicado essa vida
Mas aprendendo é que se ensina, ainda existe
boa gente, que vai a luta e segue sempre em frente
Tendo que enfrentar toda manhã e se preocupar com sua família. Com sua família.
Cara é complicado essa vida...
Cara é complicado essa vida...
Mas aprendendo é que se ensina, ainda existe
boa gente, que vai a luta e segue sempre em frente...

Alô ... alô
Me desculpa, eu não queria que tudo acabasse assim
Me dá uma chance,
Fala comigo ...
Alô ... alô ...

As vezes a gente sente e fica pensando que tá amando.
E que encontrou tudo de bom que a vida poderia oferecer.
Até que a mulher que a gente ama vacila e põe tudo a perder...

Cara é complicado essa vida...Essa vida Essa vida....

Ao Cubo - Mil desculpas

"-Eu, eu só vim tirar uma duvida..."
"-Aí senhora, aguarda no pátio aí!"

Não queria um encontro nessa circunstância,
Preferia um churrasco, futebol com criança
Mas eu que vacilei desculpa ai essa errata,
Pro meu jogo sujo, coração de barata
Um bicho que mata com ódio e covardia
Minha cabeça maquinava vazia
Mas tem alguma coisa aqui dentro que me corrói
Assassinei seu super-herói,
Desculpa aí pelo rancor,
Mais um coração posto a prova da dor,
Que horror, entendo
Que não tem volta, é um buraco sem remendo,
Agora não adianta mas de tudo eu me arrependo

(Dona Kelly)
Tudo que eu tinha você me tirou, meu filho, meu sorriso todo amor.

Te chamei aqui
Pra dizer o quanto eu sinto
É embaçado não adianta,
Mas tô arrependido,
Três anos atrás do muro
Guardado no fundo
De uma cela abarrofada,
Cheio de fungo,
Banheiro imundo com cheiro das trevas,
Calor absurdo, tuberculode prolifera,
Nessa luz escura, num clima de tortura
Quis ser mais esperto quase fui pra sepultura,
A monstruosidade que eu sempre apliquei,
Ta dentro da cela comigo é um armazém,
Eu que fiz refém aqui sou aprendiz,
Reflito como foi desonesto o que eu fiz
Não é que isso aqui reabilitou o infeliz,
Mas é porque agora encontrei meu juiz,
Eu de cabeça baixa, sem força, indefeso,
Cançado das mágoas, da dor, do desprezo,
Nada mais me importava o crime os presos
Como se cada lágrima tirasse um peso.

REFRÃO (Dona Kelly)
O passado e a saudade como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar.
O passado e a saudade como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar.

Pela sua voz eu entendo o sofrimento,
Deve ser difícil perdoar eu lamento,
JESUS, me me perdoou pela perda, pela dor,
Espero que a senhora um dia me perdoe,
Não sei se a senhora acredita em transformação,
Eu não acreditava e DEUS mudou um ladrão,
Explicar com palavras é embaçado e não
Tem palavra o suficiente pra explica a conversão,
Eu sei que pedir mil desculpas não adianta
Mesmo as mil desculpas sendo verdadeira e franca,
Minha humilhação não devolve a esperança,
O orgulho que te arranquei e que agora sangra
E molha o seu rosto com melancolia
E escorre como choro de amor e agônia,
Quanto vale essa tormenta trágica
Me fale por favor o preço de uma lágrima?

(Dona Kelly)
Lágrimas não tem preço meu rapaz
Só eu sei a falta que ele me faz
Agora está tudo acabado
Jamais a vida volta pra traz,
Meu conselho era simples
Não roube.
Trabalhe e conquiste,
Eu vim até aqui pra saber o porque
Você cometeu esse crime?


Talvez pelo país onde todo mundo deve,
Onde todo mundo rouba, sei lá,
Tem mão leve,
Desde do primeiro cidadão de Portugal,
Se é desde o começo imagine o final,
O motivo era banal um pouco mais de um real,
Nem sei porque matei, talvez respeito e tal...

(Acabou não quero seu dinheiro,
eu não quero nada seu,
a fita era pra ontem, rapa ,
ai dona seu filho vai subir!)

(REFRÃO)
O passado e a saudade como posso apagar
Impossível esquecer não é fácil perdoar.
O passado e a saudade como posso apagar
Impossível esquecer não é fácil perdoar.

Não era a cara dele, na verdade a de ninguém,
Era pra ele tá na aula e, e eu também,
Ele não tinha malícia, só IBOPE com as "Patricia"
Mas tava me atrasando e pior,
Virou notícia,
Senhora perdoe a minha aberração,
Por ter matado seu filho eu te peço perdão,
Ainda sonho com seu rosto e não esqueço dos seus gritos
(não meu filho, não, não, não meu filho)
Quando atirei no peito do menino...

(Dona Kelly)
Ah! Eu não pude acreditar
Eu corri, corri, eu corri,
Mas não consegui lhe salvar.
Ah! O meu filho deitado sem forças
No meu colo mexendo a boca
Tentando falar...

"Mãe sua voz ta ficando distante
Não solta da minha mão não, em nenhuma instante,
To ficando com medo e essa poça de sangue,
Tá tudo escurecendo e da pra ver de relance,
O pessoal da sala
O que tão fazendo
Nem bateu o sinal, eu não entendo.
Mãe o sangue é meu e tá por todos os lados
Olha pro pneu da ambulância, tá lotado!
Mãe eu to com frio e tá ficando tudo escuro,
Quando isso acabar e vou mudar, eu juro!
Porque fizeram isso comigo, o que aconteceu?
E essa lágrima no seu rosto mãe é um adeus?
Fala pro meu pai que não foi falta de sorte
Só não segui seu conselho talvez ele não suporte.
E pro meu irmão aprender com minha morte
Mãe eu te amo, me aperta bem forte!"

(Dona Kelly)
O passado e a saudade como posso apagar
Impossível esquecer não é fácil perdoar.
O passado e a saudade como posso apagar
Impossível esquecer não é fácil perdoar.

Você arrebentou com a minha vida
Meu filho não volta mais,
Mas com tudo eu não vejo outra alternativa
Eu te PERDOO.

Ao Cubo - Entre o desespero e a esperança

------------REFRÃO----------------
Aqui é o rap da licença faz favor, trazendo boas novas pro povo sofredor numa só aliançaaaaaa entre o desespero e Esperança

No lugar do desespero já chegou a esperança, pras quebradas, pros buracos, beco e toda vizinhança ela veio pro malandro, que precisa de mudança, e pro pai desempregado ela trousse abundância Saciou o faminto, o humilde, o distinto, no rosto das dona Maria um sorriso lindo No meio dos latidos, chão batido, esgoto aberto, chicote estrala, mas chegou a água no deserto

ei feijão na minha quebrada o barato é loko o chicote estala também A leste é mil grau, salve salve os firmeza total o futebol e o rap é a alegria mó febre na periferia não é a solução, mas já tirou muito mano dos cano e da vida bandida vários parceiros, estão na lembrança morreram mais cedo, deixando saudade no coração da vizinhança confiança na nossa esperança que lança a tristeza pra fora e avança, me alcança, me da segurança, e não cansa de nóis, é nossa semelhança

------------REFRÃO----------------
Aqui é o rap da licença faz favor, trazendo boas novas pro povo sofredor numa só aliançaaaaaa entre o desespero e Esperança

Silêncio, me escuta, com atenção não discuta, é o grito da exclusão e ta de rédea curta Não é choro é um desabafo, me calaram, a gente muda, com nervo de aço, atrás da orelha uma pulga Banqueiros, milionários, voam sobre o atlântico, estrangeiros mercenários, fascista, titânico Envenenaram os pião o povão, mas a súplica subiu, do fundão, né Clebão

Que fita loka, os moleke de toca, da cabeça oca tão na sua bota nóis fala errado, num é bom de conta, mas nóis num é idiota Os cheirador de cola sem escola qué o crime, o sonho dos moleques é ser herói de supercine O povo é a maioria, a burguesia se esquece, é o muro que separa o futuro dos pivetes Eles pensam assim, se é leite que o povo quer, então esparrama, um neném com a barriguinha com leite não reclama

------------REFRÃO----------------
Aqui é o rap da licença faz favor, trazendo boas novas pro povo sofredor numa só aliançaaaaaa entre o desespero e Esperança

do alto vem nossa força pra vencer a guerra do dia a dia Deus abençoe os guerreiro que tão na corrida tentando vencer na vida seja em itaquera ou Jaraguá Deus é cum nóis abençoe a criança pá nóis faça vô ... obrigado Senhor! Trais, a fartura, sobre o modesto, meu povo ta sofrendo, meu Deus eu te peço O progresso ta moiado, na quebrada, no morro, sem oportunidade a multidão pede socorro

Dinheiro, paz e saúde pros parceiros, na busca da esperança vivendo o desespero Mova-se jão, da um pick, não fique na acomodação, não, seja motivo do drinque comendo na mão dos chic com boca de zip Sangue bom não brinque, preste atenção com seu filho na rua, que o barato é louco la fora, essa é a hora, a responsa é tua o cão vem pra mata, rouba e destruir a gente a esquina é perigosa e atraente

------------REFRÃO----------------
Aqui é o rap da licença faz favor, trazendo boas novas pro povo sofredor numa só aliançaaaaaa entre o desespero e Esperança

Ao Cubo - Edvaldo-a origem

Uma casa simples alugada a alguns meses, numa rua calma no numero 13 no portão pequeno, vende-se biju, fachada apagada, branca e azul em cima do muro um bichano circense, quando o latido vira-lata não convence roupa pendurada no varal de bambu, e a sombra preguiçosa do pé de caju
dois degraus e o chão vermelho desenha, uma cozinha perfumada pelo fogão a lenha quem tem a senha ta de costas na pia, de chinelo de borracha e avental de bolinha por baixo um penhoar bordado de linha, cabelo cacheado esconde a lágrima que pinga a lágrima da desconfiança quem assina, é a personagem da história, Dona Vilma
Casada por amor, com autorização dos pais, ainda era menor cinco anos atrás Saíram de Goiás, pro Bairro do Pari, Um casal apaixonado vencia o mundo ali O juramento de amor intenso e Eterno de Vilma e Ernesto, veio refletir Num brilho de glória, a menina Vitória, seu sorriso os que choravam, fazia sorrir
Suja de tinta suada faminta, volta da escola e encontra o pranto da Vilma Joga a mochila como furacão Katrina, e abraça, não chora mamãe, comovida O choro começou quando tocaram a campainha e disseram pra Vilma que o marido a traia Ela já sabia mas não acreditava, abatida, machucada, ferida, respondia
Protesto, meu marido eu não empresto, ele é só meu e não to nem aí pro resto Trabalhador, fiel, honesto, um ótimo pai, calunia contra o Ernesto O discurso foi bonito mas murcho, falou, falou, falou mas não quis dizer muito Se sentiu desonrada, sem rumo, menos mulher, sem orgulho

------------REFRÃO----------------

Vilma vou sair com a Vivi e não demoro, logo to de volta, não se esqueça, te adoro E na manhã chuvosa, Ernesto de folga, saiu pra passear com sua menina Vitória Vilma tava em casa no seu passa tempo a louça, ouviu bater na porta o carteiro e sua bolsa Tava encharcado a chuva tava muito grossa, entra e se enxuga disse a menina moça

Coisas perversas visitaram o pensamento e lembrou da conversa, da traição no momento No fundo, no fundo, ela ouviu tudo e as palavras fofoqueiras encontraram refugio De pouco em pouco entrou no coração, preciso dar pra aquele cachorro um lição Se aproximou do carteiro e sussurrou, o carteiro entendeu a mensagem se encantou
Suma doçura, seu perfume depura, e aquele lago azul de ternura contaminou E nisso Ernesto voltou, que desgosto, viu na fresta da janela e escondeu o rosto Ahhh, martírio, tortura, agonia, não acreditava o que seus olhos lhe dizia O silencio angustiante da morte o alcançou, aquela morte que o corpo continua com dor
O suor pela têmpora escorria, e sua mão tremula sacudia E o sangue foi subindo, o ódio em sua mente, o punho contraído também contraia os dentes Com a face sombria, sua honra partida, pensou em muitas coisas, deu um frio na barriga Olhou pra traz, a pequena Vitória, entra no carro filha, vamos embora
Respirou fundo, atordoado, ficou confuso, pois a filha no carro Voltou, pois o cinto e saiu disparado, o pneu careca, o farol queimado É no pedal direito que se descarrega a raiva, a chuva ta mais forte e a estrada é mó tocaia E quando de repente na curva do rio, uma poça, a derrapagem, capotou e caiu

------------REFRÃO----------------

O resgate a dois dias na labuta da busca, encontraram um fusca tão torto que assusta Um soldado cansado sem esperança resmunga que o rio levou os corpos e cadáver não afunda No terceiro dia, na margem ao lado, um corpo achado, inchado, desfigurado Desanimaram, só um corpo e mais nada, Vilma sem família com a tristeza exata

Vestida de luto, em pânico aos soluços, com a consciência e o coração imundo Desgosto profundo, aflição amarga, ninguém é preparado pra levar essa carga Viúva sem trabalho, sem dinheiro, já bastava, mas o fruto proibido do pecado não apaga A fome, o cansaço, invadiram sua casa, e a gravidez é o castigo a chaga
A calma do ar e o silêncio do feto, enfraqueceu seu ânimo, não tinha afeto É só um objeto, e não é do Ernesto, vou tirar isso de mim, com a agulha eu espeto Depois de todas as tentativas do mundo, prosseguiu a gravidez com um nojo profundo Amargura, a dor aguda, lembrou da traição, a tristeza visitou novamente o coração
Aceitou o carteiro como esmola, Vilma queria sua família de volta O carteiro Edvaldo aceitou a proposta, se o filho não é dele, tudo bem ele adota Queria colocar o seu nome e sobre nome, pra Vilma tanto faz, só não quer passar fome Nasci com desprezo, odiado, indefeso, sem esperança, com medo ao relento
Mas com o mesmo nariz, boca, cabelo, fisionomia de Ernesto, um homem negro Um dia ainda quero me encontrar com a Vivi, minha irmã que sem eu ver, posso sentir Meu pai um grande homem que jamais a traiu, morreu de desgosto antes de cair no rio Queria ter meu pai de volta, com vida, pra nunca me chamarem de Edvaldo Silva

Ao Cubo - Edvaldo Silva

Lá no fundo sombrio de um bar cheio de mosca, camisa quadriculada por fora da calça larga e frouxa
Barba melada de leite que escorria pela boca, e a baba de outros dias marcada na roupa...
Segurava meio trêmulo sua caneca de cabo cinza, caminhando lentamente com destino a saída
Começa mais um dia ou só mais um que se elimina, pelo homem com o nome Edvaldo Silva.
Não sabe ao significado do afeto e amor, não conhece a pólen as pétala rosa só o espinho da flor
Lembrança da vida só na infância marcada com trauma e dor, ainda a memória do pai animal sem amor...
Que não tinha profissão e a um tempão fazia mixê , saía com homem e mulher pra ter alguma coisa pra comer
Vendia farinha, maconha, seu corpo pra que quisesse ter, tudo dentro de casa pra família ver...

Foi crescendo Edvaldo Silva trancando num quarto com sua mãe Vilma, com o berço atrás da cortina ouvia tudo que acontecia
Seu pai com outras meninas e sua mãe no meio também lhe servia, a noite inteira, música alta, droga e bebida...
A oito anos o pai trancava o quarto e com a chave saía, em busca de novos clientes que quisessem droga, seu corpo ou da Vilma
O menino entraria no meio ao completar dez anos de vida, muitos clientes procuravam pedofilia...

A muito tempo Dna. Vilma tentava fugir com Edvaldo Silva, sempre soube que aquilo não era futuro pra sua família
Então num lindo Domingo fugiu com o menino e foi pra polícia, desabafou com o delegado que fez perícia...
AH! Seu moça o Sr. Tem que me ajudar. Meu filho Edvaldo vive onde criança não pode estar
Cárcere privado, prostituição e tráfico no lar e se meu marido me ver aqui vai me matar...

O pai do garoto já esperava por isso, então aguardou que a polícia chegasse cedo, colocou retrato da família na parede e pro filho comprou um brinquedo
Deixou a casa um brinco, geladeira cheia e presente no berço, esperou a família no sofá segurando um terço...
Chegado o delegado investigou o caso e ficou naquele quarto durante horas, procurava um objeto certo ou que chegasse perto a ser uma prova
Não encontrou nada na cama, nem na vizinhança que lá era nova, nem se quer uma pista forjada, uma pista idiota...

Dna. Vilma estava insegura, conhecia o marido desde o primeiro beijo, se arrepende de ter colocado o nome do filho assim do mesmo jeito
Tem certeza que sua segurança seria infinita se ele fosse preso, sabia que era frio, imprevisível pra sentar o dedo...
A moça se desiludiu, chorou como um rio entrou em desespero, parecia em estado de choque esperando a morte até falava com o espelho
Gritava bem alto na janela que aquilo era cela e seu filho estava preso, já estava à beira da loucura tudo por medo...

O pai do menino Edvaldo agia na noite não deixava aviso, ele vendo as atitudes da Vilma foi oportunista, certo e preciso
Deu depoimento na polícia e provou que Vilma não tinha juízo, tava com problema de loucura então mandou pro hospício...
Ela até achou melhor assim, não conseguia mais dormir com inimigo do lado mas antes de ser internada, pegou o filho e mandou pra outro estado
Qualquer cidade bem longe a rua é mais segura do que aquele quarto, não sabia a próxima vez que o veria mas tava assinado...

GAITA

Essa é a única lembrança que tem na memória do homem Edvaldo, se passaram vinte e sete anos da última vez que esteve em São Paulo
Hoje em dia vive numa guia pedindo comida e sendo envergonhado, agora é só mais um mendigo condenado...
Sem pressa toma leite e guarda a caneca de cabo cinza, põe dentro da sacola onde leva o cobertor e três mexericas
Nunca pediu pra vir pro mundo, mas já que tá fica e assim se passam os anos de Edvaldo Silva...

Na sacola encontra um papel que guardou quando estava no bar cheio de mosca, lembra desse folheto quando recebeu da mão de uma moça
Com folheto se emociona ao ver pessoas de mãos dadas sorrindo a toa, se tivesse um amigo a vida seria boa...
Edvaldo fica imaginando quem era a moça e porque se importaria em levar um folheto a um mendigo sujo e fedido que vive numa guia
Pensou que pudesse ser engano, mas se enganar com um sujeito que fede a carniça, Edvaldo guardou o folheto e seguiu sua trilha...

Diariamente escala o escadão até o último degrau como se fosse um trabalho, senta e descansa a sacola, abre a camisa e tira o sapato
Do alto olha o asfalto e toda correria das pessoas nos carros, assim o dia passa mais rápido é como um atalho...
Fica lá de cima contando o sino da estação soar várias vezes, trem chegando, partindo, as mesmas pessoas passam como fregueses
Chega a ser quase invisível se não fosse o desprezo de muitos deles, Edvaldo chora por dentro o choro de meses...

Quem são esses seres que me olham bem no olho, disfarçam que não me viram pra não enxugarem meu choro
Eu sou a paisagem pior que é um tapa no rosto, acredite ser humano é esse corpo...
Tenho vergonha da minha miséria, que tortura que é a fome, ela se alimenta de pele escura e de pele amarela mas pele de pobre
Como um golpe forte, três pontas de chicote, que invade a carne com um corte...

Os que passam e me chutam, provavelmente são criados na sela, como animais de um condomínio que a janela
tem grades pra se protegerem da favela, estou ferido, tem valentão que me taca pedra...
uns tem muita grana, esses são chamados de rico, outros defecam lama e esses são confundidos com lixo,
ser humano é isso, acredite não é bicho, no fim apodrece com ou sem distintivo...

Já vai escurecendo mas ainda tá cedo, Edvaldo sente fome e não faz pouco tempo,
Então pega uma mexirica e descasca com o dedo, joga a casca no chão perto de um folheto...
Ele estranha quando vê o mesmo folheto que tem jogado num vão, estão se levanta com a sacola e sai por cima do escadão
Pega o que tinha guardado e com o outro faz uma comparação, e vê que os dois são iguais sem exceção...

Edvaldo se emociona de novo com a imagem da ilustração, acredita que se aquele lugar existisse seria sua solução
E derrepente Edvaldo se espanta com tantos folhetos espalhados no chão e la na frente a mesma moça entregando na porta de um salão...
E pra quem ela entregava, avisava de uma reunião, que era hoje as sete da noite com o tema de salvação
Edvaldo continua caminhando aperta o passo e vai em direção a moça que o convida pra entrar e o pega pela mão...

CONTINUAÇÃO...